Algumas Palavras

Escrevi estes versos nas horas de ócio, de paz interior, poetando minhas emoções e meus sentimentos, sem nenhuma preocupação com o tempo, com a rima ou a métrica, mesmo porque disso não entendo.

As palavras voam e se dissipam com o vento, colocando-as aqui ficarão na mente de quem lê.

Vou continuar viajando na imaginação, escrevendo, sem pretensão literária, aproveitando o tempo, o senhor da razão.

Aqui estou de forma real, apesar das sutilezas. Aqui está a minha essência.

Sou Mulher Comum
Sou Mãe com Amor
Sou Filha Saudosa
Sou Poesia pra Viver!


terça-feira, 30 de março de 2010

Meus 70 Anos


Muitos dias, de tantos, deixei de contar,
melhor é cantar, sorrir, vendo o tempo passar.
Rugas no rosto, lembranças, devaneios,
caminhos largos, sendas repentinas,
luz que se apagou no olhar e no tempo,
inesperado mundo novo, de sombras e desafios.

Às vezes, chorei, logo levantei,
mágoas não guardei, amores conquistei,
gente que passou, gente que ficou,
o que não foi bom, o tempo dissipou.

Muitas lembranças surgem em revoada,
rodopiam, se entrelaçam, se confundem.
Como relâmpago volto ao meu Ipu,
dos pedaços de tempo, calmos, quase infindos
sujando as mãos, remexendo a terra,
sentindo seu cheiro, ouvindo seus sons,
sons e mais sons, em todos os tons,
da banda no coreto, dos pássaros, dos sinos.

Dou uma marcha à ré e me vêm recordações
da feira aos sábados, dos sertanejos e serranos.
das quermesses e os partidos azul e encarnado
das bonecas de pano, dos tibungos de barro,
dos banhos de chuva, das estrelas que contei,
do clarão do luar iluminando o horizonte,
alcovas sombrias da tênue luz das lamparinas.

Da Maria Fumaça, da velha estação,
ontem moribunda, hoje em restauração,
do verde da Ibiapaba, da bica majestosa,
das viagens de trem, do aconchego da minha avó,
do primeiro amor, do despertar dos sonhos.
Ah, minha terra amada, recordações pueris
revigoram-se e permeiam dentro de mim.

A vida corre célere. É um ciclo perfeito e justo.
Cada idade com seu prazer, sua dor,
dor de mesmo, de saudade, de cotovelo.
Chega sorrateira, às vezes, deixando marcas,
que me levam a rever e mudar conceitos.
Costuma aumentar quando o sol se põe,
mas, as esperanças que me sustentam
renovam-se a cada amanhecer.

É feita a vida de escolhas, atitudes, preconceitos,
e, também, de incontáveis verbos :
Plantar, colher, servir, perder, ganhar,
e, indiscutivelmente, amar.

Amar e rir faz muito bem à saúde,
guardar ressentimentos corrói a alma,
danifica o organismo, encurta os dias.
Conceda-me, Senhor, a grandeza
de sempre perdoar.

Quisera viver num tempo
que o amor não fosse uma troca,
nem tivesse prazo de validade.
Que o ter deixasse sua importância
diminuir diante do ser.
Que o pão não faltasse à mesa,
não houvesse drogas, miséria, guerras,
povos, raças e nações se unissem
num só abraço, numa utopia de paz.
Por tudo isso preciso sonhar,
para não parar de caminhar.

Nada como o tempo, inexorável,
pra me dizer que quando me acho sábia,
menos sei,
quando me julgo correta, mais erro.
Que a vida sem fé se torna vazia,
e para crer na oração,
não espero sofrer.

Contudo e por tudo é muito bom viver,
filhas, dádiva divina, amor sem fim.
vidas compartilhadas, opiniões respeitadas,
família, raiz, sangue, meu porto seguro.
Que bom! Motivos me sobram para agradecer.

Amigos queridos que atravessam o tempo,
amigos que se foram e deixaram saudade.
Irmãos na fé, unidos na crença e na esperança,
certos de que um dia nos encontraremos no porvir,
num manancial, cujas águas, jamais secarão.

Despretensiosamente quero expressar
sentimentos, emoções, remexer meu ser,
vividos nestes meus setenta anos.
Momentos houve que fingi ser feliz,
se viver é um jogo, ele me foi favorável,
celebro cada dia, com os olhos fixos no alvo.

Agradeço ao Criador, Soberano, Justo, Fiel,
que segura minhas mãos, corrige meus passos
e até aqui em tudo me ajudou.
Glórias somente a Ti, Jesus, meu Salvador!


"Cada um tem a idade do seu coração,
da sua experiência, da sua fé"
George Sand

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